sexta-feira, 5 de abril de 2013

Mick Jagger / Truques de sua imagem






Lula RodriguesO Globo, 27.11.2012 

 
Na última prova de roupas, às vesperas da turnê “50 & Counting: The Rolling Stones Live Tour", que estreou no domingo em Londres, o WWDMen entrevistou Mick Jagger, no atelier de L’Wren Scott, designer que assina o visual exclusivo dpop star. A sinergia entre ambos está acima da criação de figurinos, já que estão casados há 10 anos.
O líder dos Rolling Stones, comentou sobre moda, roupas e conforto.Plenamente consciente de sua imagem em cenaJagger - o homem fora do palco - soltou uma pérola, que a meu ver, deveria entrar para os anais da moda masculina contemporânea.
"Os homens não estão interessados em roupas com visual estupendo, porém desconfortáveis, impossíveis de serem usadas. Não estamos ligados no sofrimento para parecermos cool, e sim no conforto." - afirmou o ícone do rock, com o sorrisão provocador de sempre.
E, pratica o que acredita ser moda de homem. Chegou para entrevista e fitting, vestindo calça cinza da Browns, camisa escura em padrão xadrez e tênis Nike, totalmente relax. Detalhe curiosostudio de Scottfica na Kings Road, perto da casa deles em Chelsea e não longe de Edith Grove, onde um dia, Jagger, Brian Jones e Keith Richards, dividiram um flat fedorento.
Tendo passado por algumas roubadas com figurinos de shows ao longo da carreira, sem nunca perder o rebolado, Mick Jaggerse tornoum craque na plena consciência do seu corpo magro, movimentosprovocadores e figura de palco.
Toda esta experiência somada à naturalíssima agressividade onstage,usando e abusando da sensualidade muitas vezes dúbia, o fizeram um dos grandes ícones da moda masculina do século passado, que adentra o século XXI sem perder o punch. Mesmo vestindo um blazer tradicional para os ingleses, em padrão op art e chapéu fedora do culchapeleiroinglês Stephen Jones, com sua ginga notória, subverte, transforma o visual.
 
 Expert em imagemsabe sabe tirar proveito de sua figura skinny erevela que não precisa esconder as malditas gordurinhas. Afirma a importância de sabermos enfalizar o lado bom de nossos corpos, tirar partido disso, enfatizar qualidades.
Dá aula de História dos Costumes quando revela que em algumas turnês, para atingir o auge, precisa lançar mão de roupas que tenham movimentos dramáticos. Para tal, sempre escolhe um modelo de "riding coat", explicando que é um traje inglês, dos séculos XVIII / XIX, que os franceses chamam de "redingote" uma corruptelado termo original.Bingo!
A jornalista que assina a matéria do WWDMen, infelizmente papou mosca e escreveu "red in gote". Para quem não sabe, o "riding coat"  é a casaca cortada na parte da frente, para facilitar os movimentos durante o uso do melhor veículo da época: o cavalo. É, traje oficial do dândi Beau Brummell, o embrião dos uniformes militares do século XIX, do terno executivo moderno, de abotoamento duplo e ajudou a construirtoda a história de Saville Row.
Depois deste banho classudo de conhecimento de causacomenta sobre capas e alguns detalhes realmente over the top, que também fazem parte de sua construção de cena. Confesso que na minha tietagem declarada, valorizei na fonte do portal citado, o que acredito ser o mais importante para este blog.
Jagger entende e planeja marcações e faz exigências na hora do figurino. Suas calças em todos as apresentações são as únicas peças mantidas durante todo o espetáculo pois não há tempo de trocas e por isso devem ser super confortáveis. Estilosas para o palco, é claro, masnunca podem causar problemas. O show deve ter sempre uma abertura espetacular, uma roupa de impacto - "an entrance"- comenta. No segundo ato quando as luzes mudam, é importante trocar o look, afirma. Paletós, blazers, riding coats, camisas ou tees, podem ser trocadas até entre músicas, já que são as partes de cima. Calças, never!
WHO IS THAT GIRLA americana de Utah, L’Wren Scott, é o que se pode chamar de designer de "grande impacto". No clipping, do site que leva seu nomeconsta ninguem menos do que a low profile MIchelle Obama, usando um vestido amarelo, nada simplesinho, na revista GoodHousekeeping, deste mes.
Mas a fama de L'Wren, não é apenas por vestir atrizes. Tem vasta carreira na moda, trabalhou com fotógrafos do porte de Bruce Weber, Herb Ritts, bombando nos anos 90, criou figurinos para filmes e pop stars como Tina Turner. Há muito colabora com o maridão Mick Jaggercom exclusividade. Quem cria roupas de shows para os outros Stones são uma outra equipe. Afirma que o romance nada te a ver com o palco e que Jagger sabe o que quer, sempre. E, ponto.
Sua primeira coleção de moda, explodiu em 2006. Fez fama e fortuna em Hollywood e manda ver no red carpet. Quem veste suas criações? MadonnaSarah Jessica Parker, Angelina Jolie, Nicole Kidman,Penélope CruzAmy AdamsCarla Bruni-Sarkozy, Naomi Campbell, Reese Witherspoon, Christina Hendricks, Jennifer Lopez, Sandra Bullock e Uma Thurman.
GRAN FINALE - detalhe fetiche deste bloggerno dia da entrevista ela vestia suas criaçõesexceto os brogues, que eram do Martin Margiela. A moça não é nada boba.

http://ela.oglobo.globo.com/blogs/moda-masculina/posts/2012/11/27/jagger-fala-de-moda-masculina-conta-truques-de-sua-imagem-em-cena-476654.asp




quinta-feira, 4 de abril de 2013

Os 50 anos dos Rolling Stones


Os 50 anos dos Rolling Stones

  • Há cinco décadas Mick Jagger, Keith Richards, Ian Stewart, Brian Jones e Bill Wyman montavam a banda de rock que conquistaria o mundo

Michele Miranda
O Globo, 25/05/2012



Charlie Watts, Mick Jagger, Ron Woods e Keith Richards, em 2005 Foto: Reuters

Charlie Watts, Mick Jagger, Ron Woods e Keith Richards, em 2005 Reuters
RIO - Em 25 de maio de 1962, Mick Jagger, Keith Richards, Ian Stewart, Brian Jones e Bill Wyman se reuniam, na Inglaterra, para formar o que seria uma das maiores bandas de rock do mundo: os Rolling Stones. Apesar desta ser a data marcada como a fundação do grupo, os integrantes consideram que os Stones nasceram apenas em 1963, com a entrada definitiva do baterista Charlie Watts, que costumava fazer shows como músico contratado. É por isso que a turnê comemorativa e um disco de inéditas foram adiados para 2013.


- Eles têm muitas possibilidades de comemorar a data, porque podem considerar a formação, primeiro show, entrada de Watts, primeiro disco. O que não falta é ocasião - diz Nélio Rodrigues, autor dos livros "Rolling Stones no Brasil" (2000) e "Sexo, drogas e Rolling Stones" (2008) - este segundo, com co-autoria de José Emilio Rondeau.
Ele ainda comenta a ligação da banda com o Brasil e cita importantes dados históricos nestes 50 anos.
- A relação deles é antiga e intensa com nosso país. Os Stones já deram entrevistas para veículos nacionais e internacionais afirmando que "Sympathy for the devil" é um samba. O curioso é que, justamente, Mick Jagger e Keith Richards passaram férias no Rio e na Bahia no mesmo ano em que a música foi gravada.
Relembre nos links acima a intensa relação da banda com o Brasil em fotos raras do acervo do Globo, desde 1968 a 2006, e confira uma seleção de 10 músicas emblemáticas do grupo de rock que segue, há 50 anos, entre os mais populares do mundo.

http://oglobo.globo.com/cultura/os-50-anos-dos-rolling-stones-5013908







quarta-feira, 3 de abril de 2013

The Rolling Stones anunciam primeiras datas da turnê de 50 anos




The Rolling Stones anunciam primeiras datas da turnê 

de 50 anos

  • Banda vai se apresentar em nove cidades americanas e no Hyde Park, em Londres

O Globo, 3/04/2013





Rolling Stones anunciam primeiros shows da turnê de 50 anos Foto: Divulgação




Rolling Stones anunciam primeiros shows da turnê de 50 anos Divulgação
RIO — A turnê de comemoração dos 50 anos de carreira dos Rolling Stones vai começar em maio, por Los Angeles, e passará por outras oito cidades americanas até junho. A data do primeiro show, no Staples Center, ainda não foi confirmada, pois a banda aguarda a definição dos playoffs da NBA para confirmar a liberação do local.




"Nós fizemos uns poucos shows em Nova York e Londres ano passado e nos divertimos tanto que poensamos, vamos fazer mais", disse Mick Jagger. "É um bom show, muitos clássicos que todos querem ouvir e algumas pérolas aqui e ali. O palco tem o formato de lábios e avança em direção a platéia, então eu posso correr em torno do público."Mick Taylor, membro da banda entre 1969 e 1974, será um convidado especial durante toda a turnê. Nos shows, o grupo promete tocar clássicos como "Gimme Shelter", "Paint It Black", "Jumping Jack Flash", "Tumbling Dice" e "It's Only Rock and Roll".

A turnê "50 and Counting" vai passar por Oakland, San José, Las Vegas, Anaheim, Toronto, Chicago, Boston e Fildélfia. Além os Rolling Stones serão a atração principal do festival Glastonbury, em 29 de junho.
Em julho, o grupo formado por Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ron Wood volta ao Hyde Park, em Londres, no dia 6 de julho, quase 44 anos depois do primeiro shows deles no Royal Park. Ainda não há informações sobre shows no Brasil.
A banda formada em 1962 lançou no ano passado a coletânea "GRRR!", com duas canções inéditas: "Doom and Gloom" e "One More Shot". As comemorações incluíram ainda o documentário "Crossfire Hurricane" e o livro de fotografias "Rolling Stones: 50".
Em 2012 eles fizeram os primeiros shows em cinco anos. Foram apenas quatro apresentações em Londres e Nova York, além de pequenos shows surpresa em Paris, para cerca de 600 convidados.

http://oglobo.globo.com/cultura/rolling-stones-anunciam-primeiras-datas-da-turne-de-50-anos-8014198#ixzz2PQbrRwL8 





VEJA TAMBÉM
Os 50 anos dos Rolling Stones em canções









terça-feira, 2 de abril de 2013

Carlos Heitor Cony / Chaplin e outros ensaios / Resenha




Reeditado com outros ensaios, texto de estreia do escritor, de 1956, explora as contradições de Carlitos, comparado a personagens clássicos 

Carlos Heitor Cony
CHAPLIN E OUTROS ENSAIOS
Por Alvaro Costa e Silva*


“Chaplin e outros ensaios”, mais recente obra publicada por Carlos Heitor Cony, é um retorno ao início da carreira do escritor. O texto sobre Charles Chaplin, que abre e ocupa 142 páginas das 290 do livro, nasceu de uma conferência que Cony fez na Sociedade Cultural Hebraica em 1956, em seguida editada numa plaqueta. Era a estreia do autor, que abandonara o seminário para virar jornalista e dava os primeiros passos na literatura. Três anos depois, o material foi ampliado para uma série de artigos que ocuparam página inteira do “Suplemento Dominical do Jornal do Brasil”. No intervalo entre a publicação de dois romances — “Balé branco” e “Pessach: A travessia” —, o autor deu forma definitiva ao trabalho, enfeixado pela Civilização Brasileira em 1967.


A reedição — acrescida dos “outros ensaios”, de que falaremos abaixo — traz algumas notas de atualização. Continua uma análise vigorosa, a qual parte da comparação com a melhor fortuna crítica disponível na época — John Grierson, Vsevolod Pudóvkim, Luigi Chiarini, Maurice Bessy, Maurice Bleiman, Robert Florey, Gilbert Seldes, Robert Payne — para dar seu recado. Que se concentra mais em torno da criatura, Carlitos, que do criador, Chaplin.

As comparações literárias abundam. Depois de citar Homero e Cervantes, escreve Cony: “Chaplin obteve o que poucos artistas alcançaram — e talvez apenas Shakespeare tenha obtido resultado igual: transformar o seu personagem, tão lúcido e primário à primeira vista, tão real, tão cotidiano, tão universal, num poço de indagações, de contradições sociais e existenciais, prenhe de todas as não respostas dos grandes personagens shakespearianos, dos quais o modelo mais próximo talvez seja Hamlet”.

O ciclo chega até Dickens. Ou melhor, à refutação de que Carlitos teria sido um personagem que o romancista inglês havia esquecido de inventar: “Sua linha ficcional prende-se à grande linha literária da década de 1920 — e Chaplin foi até mesmo anterior a ela, sendo assim um precursor. (...) Tal como os personagens de Faulkner, Dreiser, Hemingway e John dos Passos, Carlitos extasia-se frente à própria debilidade, à própria desventura, à própria impotência”.

Análise de obras menos exibidas

Em relação à carpintaria fílmica, o escritor encara o repúdio de Chaplin ao cinema sonoro como parte de seu reacionarismo técnico, lembrando que o cineasta resistiu enquanto pôde, só capitulando na cena final de “O grande ditador”. Mesmo assim, não se valeu de uma fala, de um diálogo, mas de um sermão. O que contava, em suas próprias palavras, era “a beleza do silêncio”. E, claro, o fato de ser ele um mímico excepcional.

Depois de esmiuçar personagem e processo, o autor complementa o ensaio com breve sinopse biográfica e filmografia comentada. Esta última, além de ideal para ler após assistirmos aos filmes, apresenta alguns dos momentos mais iluminadores do livro. São as breves sacadas sobre as produções menos badaladas e exibidas. Sobre a obra-prima “The pilgrim” (“Pastor de almas" no Brasil), observa Cony que, “como história, é a melhor de Chaplin. Sem derramamentos, sem apelos emocionais insistentes, sem desvios discursivos”. Também há um sermão na fita, sobre o duelo Davi e Golias. Perfeito, e feito por mímica.

O restante do volume é uma “collage” armada com prefácios e artigos de imprensa, muitos destes encomendados por Paulo Francis (que assina a quarta-capa) ou publicados na série “As obras-primas que poucos leram”, da revista “Manchete”. A seleção de nomes diz muito da personalidade, digamos, “do contra”
 que Cony assumiu ao longo não só de sua empresa literária como também diante da opinião pública. Quem mais poderia reunir, lado a lado, o papa Karol Wojtyla e o imperador Nero? Tomás de Aquino e Máximo Górki? Teilhard de Chardin e Federico Fellini?

Três ensaios analisam Manoel Antônio de Almeida, Machado de Assis e Lima Barreto como representantes maiores da linhagem do romance carioca. Segundo Cony, a bagunça arma-se desta maneira: “Fazer Capitu dar o braço a Policarpo Quaresma no enterro do major Vidigal”. Por essa bastante e simples razão, não entram no cortejo José de Alencar, Aluísio de Azevedo e Raul Pompeia, que, embora tenham escrito livros com tipos e paisagens do Rio, não pegaram a essência avacalhada da coisa. Pois, se é assim, este resenhista pergunta: onde meter Marques Rebelo?

No texto sobre Robbe-Grillet, cuja intenção é discutir o futuro e os descaminhos do romance, o autor é esquemático: “O triângulo Joyce-Kakfa-Faulkner (Joyce e Kafka como catetos, Faulkner como hipotenusa) estrangulou o romance”. Acaba sobrando para Guimarães Rosa, tema de longo artigo no qual Cony chama a atenção para o nome do pai do escritor mineiro, mistura que guardaria a chave para a linguagem roseana: Florduardo. Apesar dos elogios derramados, a visão é crítica: “Guimarães Rosa e ‘Grande sertão: veredas’ foram considerados gênio e obra-prima de forma abrupta. (...) Pouco a pouco o impacto da obra do genial autor vai adquirindo o seu real contorno, grande o suficiente para ser o monumento de nossa língua, território glorioso de nossa cultura, mas bem distante, talvez, do grande livro de um povo que ainda persegue o seu caminho e a sua afirmação”.


*Alvaro Costa e Silva é jornalista




segunda-feira, 1 de abril de 2013

Biografias / João Guimarães Rosa


João Guimarães Rosa

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."
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João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) a 27 de junho de 1908 e era o primeiro dos seis filhos de D. Francisca (Chiquitinha) Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido por "seu Fulô" comerciante, juiz-de-paz, caçador de onças e contador de estórias.


Joãozito, como era chamado, com menos de 7 anos começou a estudar francês sozinho, por conta própria. Somente com a chegada do Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, em março de 1917, pode iniciar-se no holandês e prosseguir os estudos de francês, agora sob a supervisão daquele frade.

Terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena; em Belo Horizonte, para onde se mudara, antes dos 9 anos, para morar com os avós. Em Cordisburgo fora aluno da Escola Mestre Candinho. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del Rei, onde permaneceu por pouco tempo, em regime de internato, visto não ter conseguido adaptar-se — não suportava a comida.

De volta a Belo Horizonte matricula-se no Colégio Arnaldo, de padres alemães e, imediatamente, iniciou o estudo  do alemão, que aprendeu em pouco tempo. Era um poliglota, conforme um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo:
Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.
Em 1925, matricula-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras.

Sua estréia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929-1930, alcançando o autor seu objetivo, que era o de ganhar a recompensa nada desprezível de cem contos de réis. Chegou a  confessar, depois, que nessa época escrevia friamente, sem paixão, preso a modelos alheios.

Em 27 de junho de 1930, ao completar 22 anos, casa-se com Lígia Cabral Penna, então com apenas 16 anos, que lhe dá duas filhas: Vilma e Agnes. Dura pouco seu  primeiro casamento, desfazendo-se uns poucos anos depois. Ainda em 1930, forma-se em Medicina, tendo sido o orador da turma, escolhido por aclamação pelos 35 colegas.

Guimarães Rosa vai exercer a profissão em Itaguara, pequena cidade que pertencia ao município de Itaúna (MG), onde permanece cerca de dois anos. Relaciona-se com a comunidade, até mesmo com raizeiros e receitadores, reconhecendo sua importância no atendimento aos pobres e marginalizados, a ponto de se tornar grande amigo de um deles, de nome Manoel Rodrigues de Carvalho, mais conhecido por "seu Nequinha", que morava num grotão enfurnado entre morros, num lugar conhecido por Sarandi.
Espírita, "Seu Nequinha" parece ter sido o inspirador da figura do Compadre meu Quelemém, espécie de oráculo sertanejo, personagem de Grande Sertão: Veredas.

Diante de sua incapacidade de por fim às dores e aos males do mundo numa cidade que não tinha nem energia elétrica, segundo depoimento de sua filha Vilma, o autor, sensível como era, acaba por afastar-se da Medicina. Contribuiu também para isso o fato de o escritor ter que assistir o parto de sua mulher, pois o farmacêutico e o médico da cidade vizinha de Itaúna só terem chegado quando Vilma já havia nascido.

Guimarães Rosa, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, trabalha como voluntário na Força Pública. Posteriormente, efetiva-se,  por concurso. Em 1933, vai para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Segundo depoimento de Mário Palmério, em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, o quartel pouco exigia de Guimarães Rosa – "quase que somente a revista médica rotineira, sem mais as dificultosas viagens a cavalo que eram o pão nosso da clínica em Itaguara, e solenidade ou outra, em dia cívico, quando o escolhiam para orador da corporação". Assim, sobrava-lhe tempo para dedicar-se com maior afinco ao estudo de idiomas estrangeiros; ademais, no convívio com velhos milicianos e nas demoradas pesquisas que fazia nos arquivos do quartel, o escritor teria obtido valiosas informações sobre o jaguncismo barranqueiro que até por volta de 1930 existiu na região do Rio São Francisco.

Um amigo do escritor, impressionado com sua cultura e erudição, e, particularmente, com seu notável conhecimento de línguas estrangeiras, lembrou-lhe a possibilidade de prestar concurso para o Itamarati, conseguindo entusiasmá-lo. O então Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, após alguns preparativos, seguiu para o Rio de Janeiro onde prestou concurso para o Ministério do Exterior, obtendo o segundo lugar. Por essa ocasião, aliás, já era por demais evidente sua falta de "vocação" para o exercício da Medicina, conforme ele próprio confidenciou a seu colega Dr. Pedro Moreira Barbosa, em carta datada de 20 de março de 1934:
Não nasci para isso, penso. Não é esta, digo como dizia Don Juan, sempre 'après avoir couché avec...’ Primeiramente, repugna-me qualquer trabalho material só posso agir satisfeito no terreno das teorias, dos textos, do raciocínio puro, dos subjetivismos. Sou um jogador de xadrez nunca pude, por exemplo, com o bilhar ou com o futebol.
Antes que os anos 30 terminem, ele participa de outros dois concursos literários. Em 1936, a coletânea de poemas Magma recebe o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Um ano depois, sob o pseudônimo de "Viator", concorre ao prêmio HUMBERTO DE CAMPOS, com o volume intitulado Contos, que em 46, após uma revisão do autor, se transformaria em Sagarana, obra que lhe rendeu vários prêmios e o reconhecimento como um dos mais importantes livros surgidos no Brasil contemporâneo. Os contos de Sagaranaapresentam a paisagem mineira em toda a sua beleza selvagem, a vida das fazendas, dos vaqueiros e criadores de gado, mundo que Rosa habitara em sua infância e adolescência. Neste livro, o autor já transpõe a linguagem rica e pitoresca do povo, registra regionalismos, muitos deles jamais escritos na literatura brasileira.

Em 1938, Guimarães Rosa é nomeado Cônsul Adjunto em Hamburgo, e segue para a Europa; lá fica conhecendo Aracy Moebius de Carvalho (Ara), que viria a ser sua segunda mulher. Durante a guerra, por várias vezes escapou da morte; ao voltar para casa, uma noite, só encontrou escombros. A superstição e o misticismo acompanhariam o escritor por toda a vida. Ele acreditava na força da lua, respeitava curandeiros, feiticeiros, a umbanda, a quimbanda e o kardecismo. Dizia que pessoas, casas e cidades possuíam fluidos positivos e negativos, que influíam nas emoções, nos sentimentos e na saúde de seres humanos e animais. Aconselhava os filhos a terem cautela e a fugirem de qualquer pessoa ou lugar que lhes causasse algum tipo de mal estar.

Embora consciente dos perigos que enfrentava, protegeu e facilitou a fuga de judeus perseguidos pelo Nazismo; nessa empresa, contou com a ajuda da mulher, D. Aracy. Em reconhecimento a essa atitude, o diplomata e sua mulher foram homenageados em Israel, em abril de 1985, com a mais alta distinção que os judeus prestam a estrangeiros: o nome do casal foi dado a um bosque que fica ao longo das encostas que dão acesso a Jerusalém.

Foi a forma encontrada pelo governo israelense para expressar sua gratidão àqueles que se arriscaram para salvar judeus perseguidos pelo Nazismo por ocasião da 2ª Guerra Mundial. Segundo D. Aracy, que compareceu a Israel por ocasião da homenagem, seu marido sempre se absteve de comentar o assunto já que tinha muito pudor de falar de si mesmo. Apenas dizia: "Se eu não lhes der o visto, vão acabar morrendo; e aí vou ter um peso em minha consciência."

Em 1942, quando o Brasil rompe com a Alemanha, Guimarães Rosa é internado em Baden-Baden, juntamente com outros compatriotas, entre os quais se encontrava o pintor pernambucano Cícero Dias,  Ficam retidos durante 4 meses e são libertados em troca de diplomatas alemães. Retornando ao Brasil, após rápida passagem pelo Rio de Janeiro, o escritor segue para Bogotá, como Secretário da Embaixada, lá permanecendo até 1944. Sua estada na capital colombiana, fundada em 1538 e situada a uma altitude de 2.600 m, inspirou-lhe o conto Páramo, de cunho autobiográfico, que faz parte do livro póstumo Estas Estórias. O conto se refere à experiência de "morte parcial" vivida pelo protagonista (provavelmente o próprio autor), experiência essa induzida pela solidão, pela saudade dos seus, pelo frio, pela umidade e particularmente pela asfixia resultante da rarefação do ar (soroche – o mal das alturas).

Em dezembro de 1945 o escritor retornou ao Brasil depois de longa ausência. Dirigiu-se, inicialmente, à Fazenda Três Barras, em Paraopeba, berço da família Guimarães, então pertencente a seu amigo Dr. Pedro Barbosa e, depois, a cavalo, rumou para Cordisburgo, onde se hospedou no tradicional Argentina Hotel, mais conhecido por Hotel da Nhatina.

Em 1946, Guimarães Rosa é nomeado chefe-de-gabinete do ministro João Neves da Fontoura e vai a Paris como membro da delegação à Conferência de Paz.

Em 1948, o escritor está novamente em Bogotá como Secretário-Geral da delegação brasileira à IX Conferência Inter-Americana; durante a realização do evento ocorre o assassinato político do prestigioso líder popular Jorge Eliécer Gaitán, fundador do partido Unión Nacional Izquierdista Revolucionaria, de curta mas decisiva duração.

De 1948 a 1950, o escritor encontra-se de novo em Paris, respectivamente como 1º Secretário e Conselheiro da Embaixada. Em 1951 é novamente nomeado Chefe de Gabinete de João Neves da Fontoura. Em 1953 torna-se Chefe da Divisão de Orçamento e em 1958 é promovido a Ministro de Primeira Classe (cargo correspondente a Embaixador).

Guimarães Rosa retorna ao Brasil em 1951. No ano seguinte, faz uma excursão ao Mato Grosso. O resultado é uma reportagem poética: Com o vaqueiro Mariano. Segundo depoimento do próprio Manuel Narde, vulgo Manuelzão, falecido em 5 de maio de 1997, protagonista da novela Uma estória de amor, incluída no volume Manuelzão e Miguilim, durante os dias que passou no sertão, Guimarães Rosa pedia notícia de tudo e tudo anotava "ele perguntava mais que padre" –, tendo consumido "mais de 50 cadernos de espiral, daqueles grandes", com anotações sobre a flora, a fauna e a gente sertaneja usos, costumes, crenças, linguagem, superstições, versos, anedotas, canções, casos, estórias...

Em ensaio crítico sobre Corpo de Baile, o professor Ivan Teixeira afirma que o livro talvez seja o mais enigmático da literatura brasileira. As novelas que o compõem formam um sofisticado conjunto de logogrifos, em que a charada é alçada à condição de revelação poética ou experimento metafísico. Na abertura do livro, intitulada Campo GeralGuimarães Rosa se detém na investigação da intimidade de uma família isolada no sertão, destacando-se a figura do menino Miguelim e o seu desajuste em relação ao grupo familiar.Campo Geral surge como uma fábula do despertar do autoconhecimento e da apreensão do mundo exterior; e o conjunto das novelas surge como passeio cósmico pela geografia rosiana, que retoma a idéia básica de toda a obra do escritor: o universo está no sertão, e os homens são influenciados pelos astros.

Em 1956, no mês de janeiro, reaparece no mercado editorial com as novelasCorpo de Baile, onde continua a experiência iniciada em Sagarana. A partir de o Corpo de Baile, a obra de Rosa - autor reconhecido como o criador de uma das vertentes da moderna linha de ficção do regionalismo brasileiro - adquire dimensões universalistas, cuja cristalização artística é atingida em Grande Sertão: Veredas, lançado em maio de 56. O terceiro livro de Guimarães Rosa, uma narrativa épica que se estende por 600 páginas, focaliza numa nova dimensão, o ambiente e a gente rude do sertão mineiro. Grande Sertão: Veredas reflete um autor de extraordinária capacidade de transmissão do seu mundo, e foi resultado de um período de dois anos de gestação e parto. A história do amor proibido de Riobaldo, o narrador, por Diadorim é o centro da narrativa. Para Renard Perez, autor de um ensaio sobre Guimarães Rosa, emGrande Sertão: Veredas, além da técnica e da linguagem surpreendentes, deve-se destacar o poder de criação do romancista, e sua aguda análise dos conflitos psicológicos presentes na história.

O lançamento de Grande Sertão: Veredas causa grande impacto no cenário literário brasileiro. O livro é traduzido para diversas línguas e seu sucesso deve-se, sobretudo, às inovações formais. Crítica e público dividem-se entre louvores apaixonados e ataques ferozes. Torna-se um sucesso comercial, além de receber três prêmios nacionais: o Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; o Carmen Dolores Barbosa, de São Paulo; e o Paula Brito, do Rio de Janeiro. A publicação faz com que Guimarães Rosa seja considerado uma figura singular no panorama da literatura moderna, tornando-se um "caso" nacional. Ele encabeça a lista tríplice, composta ainda por Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto, como os melhores romancistas da terceira geração modernista brasileira.

Ainda que não publicasse nada até 1962, o interesse e o respeito pela obra rosiana só aumentavam, em relação à crítica e ao público. Unanimidade, o escritor recebe, em 1961, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Ele começa a obter reconhecimento no exterior.

Em janeiro de 1962, assume a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras, cargo que exerceria com especial empenho, tendo tomado parte ativa em momentosos casos como os do Pico da Neblina (1965) e das Sete Quedas (1966). Em 1969, em homenagem ao seu desempenho como diplomata, seu nome é dado ao pico culminante (2.150 m) da Cordilheira Curupira, situado na fronteira Brasil/Venezuela. O nome de Guimarães Rosa foi sugerido pelo Chanceler Mário Gibson Barbosa, como um reconhecimento do Itamarati àquele que, durante vários anos, foi o chefe do Serviço de Demarcação de Fronteiras da Chancelaria Brasileira.

Em 1958, no começo de junho, Guimarães Rosa viaja para Brasília, e escreve para os pais:
Em começo de junho estive em Brasília, pela segunda vez lá passei uns dias. O clima da nova capital é simplesmente delicioso, tanto no inverno quanto no verão. E os trabalhos de construção se adiantam num ritmo e entusiasmo inacreditáveis: parece coisa de russos ou de norte-americanos"... "Mas eu acordava cada manhã para assistir ao nascer do sol e ver um enorme tucano colorido, belíssimo, que vinha, pelo relógio, às 6 hs 15’, comer frutinhas, na copa da alta árvore pegada à casa, uma tucaneira’, como por lá dizem. As chegadas e saídas desse tucano foram uma das cenas mais bonitas e inesquecíveis de minha vida.
A partir de 1958, o autor começa a apresentar problemas de saúde e estes seriam, na verdade, o prenúncio do fim próximo, tanto mais quanto, além da hipertensão arterial, o paciente reunia outros fatores de risco cardiovascular como excesso de peso, vida sedentária e, particularmente, o tabagismo. Era um tabagista contumaz e embora afirme ter abandonado o hábito, em carta dirigida ao amigo Paulo Dantas em dezembro de 1957, na foto tirada em 1966, quando recebia do governador Israel Pinheiro a Medalha da Inconfidência, aparece com um cigarro na mão esquerda. A propósito, na referida carta, o escritor chega mesmo a admitir, explicitamente, sua dependência da nicotina:
... também estive mesmo doente, com apertos de alergia nas vias respiratórias; daí, tive de deixar de fumar (coisa tenebrosa!) e, até hoje (cabo de 34 dias!), a falta de fumar me bota vazio, vago, incapaz de escrever cartas, só no inerte letargo árido dessas fases de desintoxicação. Oh coisa feroz. Enfim, hoje, por causa do Natal chegando e de mais mil-e-tantos motivos, aqui estou eu, heróico e pujante, desafiando a fome-e-sede tabágica das pobrezinhas das células cerebrais. Não repare.
É importante frisar também que, coincidindo com os distúrbios cardiovasculares que se evidenciaram a partir de 1958, Guimarães Rosa parece ter acrescentado a suas leituras espirituais publicações e textos relativos à Ciência Cristã (Christian Science), religião cristã criada nos Estados Unidos em 1866 por Mrs. Mary Baker Eddy e que afirma a primazia do espírito sobre a matéria – "... the allness of Spirit and the nothingness of matter", a qual habilita compreender a nulidade do pecado, dos sentimentos negativos em geral, da doença e da morte, diante da totalidade do Espírito.

Em 1962, é lançado Primeiras Estórias, livro que reúne 21 contos pequenos. Nos textos, as pesquisas formais características do autor, uma extrema delicadeza e o que a crítica considera "atordoante poesia".

Em maio de 1963, Guimarães Rosa candidata-se pela segunda vez à Academia Brasileira de Letras (a primeira fora em 1957, quando obtivera apenas 10 votos), na vaga deixada por João Neves da Fontoura. A eleição dá-se a 8 de agosto e desta vez é eleito por unanimidade. Mas não é marcada a data da posse, adiada sine die, somente acontecendo quatro anos depois, no dia 16 de novembro de 1967.

Em janeiro de 1965, participa do Congresso de Escritores Latino-Americanos, em Gênova. Como resultado do congresso ficou constituída a Primeira Sociedade de Escritores Latino-Americanos, da qual o próprio Guimarães Rosa e o guatemalteco Miguel Angel Asturias (que em 1967 receberia o Prêmio Nobel de Literatura) foram eleitos vice-presidentes.

Em abril de 1967, Guimarães Rosa vai ao México na qualidade de representante do Brasil no I Congresso Latino-Americano de Escritores, no qual atua como vice-presidente. Na volta é convidado a fazer parte, juntamente com Jorge Amado e Antônio Olinto, do júri do II Concurso Nacional de Romance Walmap que, pelo valor material do prêmio, é o mais importante do país.

No meio do ano, publica seu último livro, também uma coletânea de contos,Tutaméia. Nova efervescência no meio literário, novo êxito de público.Tutaméia, obra aparentemente hermética, divide a crítica. Uns vêem o livro como "a bomba atômica da literatura brasileira"; outros consideram que em suas páginas encontra-se a "chave estilística da obra de Guimarães Rosa, um resumo didático de sua criação".

Três dias antes da morte o autor decidiu, depois de quatro anos de adiamento, assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras. Os quatro anos de adiamento eram reflexo do medo que sentia da emoção que o momento lhe causaria. Ainda que risse do pressentimento, afirmou no discurso de posse: "...a gente morre é para provar que viveu."

O escritor faz seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras com a voz embargada.  Parece pressentir que algo de mal lhe aconteceria. Com efeito, três dias após a posse, em 19 de novembro de 1967, ele morreria subitamente em seu apartamento em Copacabana, sozinho (a esposa fora à missa), mal tendo tempo de chamar por socorro.

Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação, iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas. Quando morreu tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno da literatura brasileira,Rosa começou a publicar aos 38 anos. O autor, com seus experimentoslingüísticos, sua técnica, seu mundo ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.

BIBLIOGRAFIA
 - Magma (1936), poemas. Não chegou a publicá-los.
 - Sagarana (1946), contos e novelas regionalistas. Livro de estréia.
Com o vaqueiro Mariano (1947)
 - Corpo de Baile (1956), novelas. (Atualmente publicado em três partes:

    - Manuelzão e Miguilim,
    - No Urubuquaquá, no Pinhém e
    - Noites do sertão.)
 - Grande Sertão: Veredas (1956), romance.
 - Primeiras estórias (1962), contos.
 - Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos.
 - Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma.
 - Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma.

Colaborações em jornais e revistas- Colaborou no suplemento "Letras e Artes" de A Manhã (1953-54), em O Globo (1961) e na revista Pulso (1965-66), divulgando contos e poemas.

Bibliografia sobre o Autor
Bosi, Alfredo (org.). O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1994.
Faraco, C.E. & Moura, F.M. Língua e literatura.. São Paulo: Ática, 1996. v.3.
Holzemayr, Rosenfield Kathrin. Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Ática, 1996. (Roteiro de Leitura).
Macedo, Tânia. Guimarãres Rosa. São Paulo: Ática, 1996. (Ponto por Ponto).
Perez, Renard. Em Memória de João Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968.
Rosa, Vilma Guimarães. Relembramentos, Guimarães Rosa, meu pai. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
Santo, Wendel. A construção do romance em Guimarães Rosa. São Paulo: Ática, 1996.
Sperber, Suzi Frankl. Guimarães Rosa: signo e sentimento. São Paulo: Ática, 1996. (Ensaio).
Zilberman, R. A Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1989.

Acervo
- Os arquivos do autor, abrangendo o período de 1908 a 1971, com aproximadamente 12.000 documentos, foram adquiridos pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP).

Homenagem ao Autor
Museu Guimarães Rosa
Av. Padre João, 744
Cordisburgo - MG - Brasil
Fone: (0 XX 31) 715-1378
Agendar visitas: 3ª a dom., das 8h40min às 17h.


Versões
1961/1967 - Publicação de "Buriti" ("Corpo de Baile", 1ª parte), "Les Nuits du Sertão" ("Corpo de Baile", 2ª parte), "Primeiras Estórias", pela Édition du Seuil; "Diadorim", pela Éditions Albin Michel, Paris - França.
Adaptações:

1969 - Publicação do livro "A João Guimarães Rosa" -  (Gráficos Brunner), ensaio fotográfico de Maureen Bisilliat, com trechos de "Grande Sertão: Veredas". Curta de 09 minutos - Filmoteca da ECA / USP, direção de Roberto Santos - São Paulo (SP).

1975 - Adaptação dos contos "Corpo Fechado" (do livro "Sagarana"), direção de Lima Duarte, e "Sorôco, Sua Mãe, Sua Filha" (do livro "Primeiras Estórias"), direção de Kiko Jaess, para o programa Teatro 2, da TV Cultura - São Paulo (SP)

1975 - Adaptação do conto "Sarapalha" (do livro "Sagarana"), direção de Roberto Santos, para Caso Especial, da Rede Globo - Rio de Janeiro (RJ).

1984 - Adaptação de "Noites do Sertão", direção de Carlos Alberto Prates Corrêa - Rio de Janeiro (RJ).

1985 - Adaptação de "Grande Sertão: Veredas" para minissérie da Rede Globo, direção de Walter Avancini - Rio de Janeiro (RJ).

1994 - Rio de Janeiro RJ - Adaptação para o teatro de "Grande Sertão: Veredas", direção de Regina Bertola, no Centro Cultural Banco do Brasil

1994 - Filme "A Terceira Margem do Rio", direção e roteiro de Nelson Pereira dos Santos, baseado em cinco contos do livro "Primeiras Estórias": "A Terceira Margem do Rio", "A Menina de Lá", "Os Irmãos Dagobé", "Seqüência" e "Fatalidade" - Rio de Janeiro (RJ).


Discografia
"Rio Abaixo"Intérprete: Paulo Freire e outros.
Disco: "Rio Abaixo - Viola Brasileira" (www.paulofreire.com.br).

"Rosas pra João"
Interprete: Renato Motha e Patrícia Lobato.
CD com 13 canções inspiradas pela obra do biografado.
(www.renatomotha.com.br)




http://www.releituras.com/guimarosa_bio.asp