sábado, 18 de setembro de 2021

José Manuel Arango / XXXVI

 


José Manuel Arango
XXXVI


às vezes
vejo em minhas mãos as mãos
de meu pai e minha voz
é a dele

um escuro terror
me assola

quiçá na noite
sonho seus sonhos

e a fria fúria
e a lembrança de lugares não vistos

são ele, repetindo-se
ou ele, que regressa

face retida de meu pai
sob a pele, sobre os ossos de minha face



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