Sofia Vergara |
Sofía Vergara
O sonho (latino) americano
Sofía Vergara diz que saiu da Colômbia, sua terra natal, porque não tinha nada a perder. E nos EUA alcançou o sucesso.
Consciente de que sua sorte e seu corpo lhe ajudaram, abriu caminho para atrizes latinas
ROCÍO AYUSO Los Angeles 19 DIC 2014 - 21:05 BRST
Sofía Vergara será sempre a atriz colombiana que conquistou Hollywood. Mas aos seus 42 anos a estrela da série Modern Family(Família Moderna) está começando um novo capítulo: acaba de conseguir a nacionalidade norte-americana. E devido ao seu caráter extrovertido, ela não é daquelas que ficam quietas, a intérprete está percorrendo os programas mais populares estes dias exibindo seu novo passaporte. Uma nova condição que no set de comédia que lhe deu fama é motivo de piadas.
“Ouvi falar que Rosetta Stone [programa de aprendizagem idiomas] é um bom método para aprender castelhano”, disse a atriz entre risadas quando lhe perguntam sobre a melhor forma de aprender espanhol. “Outro patrocínio conseguido pela garota!”, responde com bom humor seu companheiro de filmagem Ty Burrell (Phil Dunphy na ficção). “Mais um? Não!”, acrescenta em um ataque de pânico fingido outro de seus colegas de atuação, Jesse Tyler Ferguson (seu enteado Mitchell na série), brincando sobre os múltiplos negócios da atriz, que já é o rosto popular da Pepsi Light, da marca de maquiagem Cover Girl, da seguradora State Farm e do remédio Synthroid, entre outros. “Sou Sofía e apoio Rosetta Stone”, afirma Burrell em um mal pronunciado sotaque espanhol. Ela cai na gargalhada.
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É um dia a mais no set da série Família Moderna, que é gravada desde 2009 nos estúdios Fox, no bairro de Culver City (Califórnia, EUA). É o segundo lar de Vergara e se poderia dizer que o lugar de seu nascimento nos EUA. Porque a deslumbrante atriz nasceu em Barranquilla (Colômbia) em 1972 e quando o público a descobriu já tinha uma carreira como modelo e atriz em seu país natal e na mídia hispânica nos Estados Unidos. Mas foi seu papel como Gloria Delgado-Pritchett nessa comédia com tom de falso documentário que a transformou em estrela, essa que aForbes descreve como a mulher mais bem paga da televisão norte-americana (cerca de 50 milhões de reais por ano), a que está entre as mais bonitas segundo a revista People, e uma das hispânicas mais influentes em Hollywood, opinião compartilhada tanto pela The Hollywood Reporter quanto pela Billboard.
“Muitas garotas me agradecem porque agora recebem mais ofertas de trabalho para interpretar hispânicas com sotaque. A televisão agora perdeu o medo de contar com alguém com sotaque”, admite.
É uma das poucas conquistas das quais se orgulha. As demais atribui à sorte. Ou a Deus. Porque esta católica de berço não se envergonha em atribuir ao seu criador os motivos para seu sucesso. “Fiz carreira com isso”, afirma levantando um peito com o mesmo humor de sempre. “E com isso”, acrescenta mostrando o bumbum. “Claro que tenho mais que oferecer, mas ambos são parte de quem sou e seria terrível não usar o que Deus me deu. Me deu por uma razão”, resume nesta mescla na qual é difícil distinguir a Gloria da ficção da Sofía real.
Também agradece à sua sorte pela carreira que desfruta. “Muita sorte”, destaca sobre as oportunidades que foram surgindo. Como avalia agora, o futuro de qualquer colombiana de sua geração era se casar e ser dona de casa. Vergara fez as duas coisas, casou-se, foi dona de casa e teve um filho. Manolo, que agora tem 22 anos. Além disso, se divorciou, estudou para ser dentista e partiu para os Estados Unidos com os dons que Deus lhe deu. “Não tive medo porque também não tinha nada a perder. O que era o pior que poderia acontecer?”, disse minimizando a importância. Na verdade, como diz, a Colômbia está a um pulo de avião e “estão muito americanizados”. Realmente o pior que poderia acontecer não tinha nada a ver com sua carreira norte-americana. Vergara perdeu um irmão, assassinado em Bogotá, e outro está há anos lutando contra as drogas embora pareça um problema superado. Também teve câncer na tireoide. Por isso o que lhe preocupa é acontecer alguma coisa com seu filho. Mas enquanto houver saúde e dinheiro, o resto é secundário. Por exemplo, a luta contra os paparazzi. Poucas atrizes falam tanto de sua vida pessoal, embora talvez não tanto quanto desejado. Porque Vergara não menciona com nome e sobrenome esse Tom Cruise de quem, ao que parece, fugiu quando teve contato com o tema da Cientologia. Mas comenta no geral sobre suas conquistas. “Tive muitos namorados. Muito bons. Foi minha escolha porque durante muitos anos fui uma divorciada criando meu filho e não queria trazer ninguém para morar comigo, por isso fiz o que as garotas norte-americanas fazem quanto têm de 20, 30 ou 40 anos. Têm namorados”, resume sobre sua animada mas pouco escandalosa vida sentimental, esta que nos últimos anos uniu a atriz a Joe Manganiello, também ator— conhecido como o homem-lobo da série True Blood—.
Agora que Manolo já não está em casa, há mais possibilidades de casamento, mas Vergara não tem pressa. Está à vontade em casa, sempre com um bolo na geladeira, não apenas porque adora doces, mas porque tem poucos dotes para a cozinha e também para ter algo para oferecer se chegam visitas. E como família já tem a do elenco. “Sempre os chamo de minha família americana”, confessa alguém que, se não voltar a casar, é entre outras razões para não ter que organizar o grande casório com parentes que não vê há séculos. Como diz: “Um casamento não é como um aniversário que você pode deixar alguém de fora”. Na Família Moderna já estão há cinco anos juntos e se nota. “Não há nenhuma briga. Pelo menos que eu saiba. Me ajudaram muito. Especialmente com o inglês”, acrescenta com esse sotaque tão Gloria de falar. “Muitas vezes não sei onde acaba Gloria e onde começa Sofía. E me vejo em situações onde me meto como Gloria reagiria ou algo assim”, confessa rindo.
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E quando essa grande família acabar? O que vai acontecer? O rosto de Sofía se ilumina com um sorriso de ponta a ponta. Não pode soar mais honesta e realista. “Adoraria que Modern Family durasse a vida inteira, mas sei que isso não vai acontecer”, disse. “Estou tentando ser inteligente e diversificar em outros negócios para poder descansar quando chegar o momento. Já passei dos 40 e espero ter energia para continuar com isto, mas não quero a pressão. Prefiro diversificar. Para poder relaxar como atriz”, conta sobre seus planos futuros. Quando terminar a série confessa abertamente que o que mais sentirá falta é o dinheiro. Como dizia no começo, ela é daquelas que não tem papas na língua.
Protagonista de prêmios sem ganhá-los
NATALIA MARCOS
No próximo dia 11 de janeiro, quando será entregue o Globo de Ouro, a série Família Moderna estará totalmente ausente da cerimônia de premiação. Apesar da surpresa de que nem a comédia, nem seus protagonistas tenham sido indicados, este ano a série conseguiu entrar para a história com o Emmy: seu quinto prêmio consecutivo como melhor comédia, um recorde que só havia sido conseguido porFrasier.
Desde o começo, vários de seus protagonistas subiram ao palco para receber algum prêmio por sua participação na série. Mas esse não é o caso de Sofía Vergara. A colombiana acumula quatro indicações aos prêmios Emmy e outras quatro dos Globo de Ouro por seu papel de Gloria, mas nenhuma dessas se transformou em prêmio.
No entanto, isso não foi um problema para a atriz, que nunca passa despercebida em uma entrega de prêmios. Em 2011, pouco depois que seu nome não havia sido pronunciado como ganhadora do Globo de Ouro de atriz coadjuvante de comédia, enviou uma mensagem no Twitter: “Não me importo! Já tenho meus Globo de Ouro!”. Um ano depois, na cerimônia de 2012, aproveitou para defender o idioma espanhol e mostrar seu sotaque colombiano no discurso de agradecimento do prêmio da série como melhor comédia, respondendo assim às piadas anteriores de Ricky Gervais.
Meses depois, nos prêmios Emmy, seu vestido se transformou no protagonista involuntário da noite. Depois de comprovar que havia rasgado na região menos apropriada (na poupança), sem constrangimento decidiu fazer uma foto do rasgo e compartilhou com seus seguidores no Twitter. E embora tenha recebido críticas taxando-a de sexista por sua exibição no palco (rodopiando como se fosse um carro de exposição) na entrega dos Emmy de 2014 durante o discurso do presidente da Academia de Televisão, ela respondeu defendendo seu direito de brincar com seu corpo.
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