quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Quem perdeu foi quem te deixou



QUEM PERDEU FOI QUEM TE DEIXOU


Por Marcel Camargo

"Quando nossas vidas se pautam por vivermos aquilo em que acreditamos, por sermos o que somos e por sentirmos o que temos verdadeiramente dentro de nós, jamais estaremos oferecendo menos do que poderíamos, ou seja, teremos a certeza de que fizemos o nosso melhor e nos doamos com sinceridade e entrega honesta, transparente."

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Ninguém consegue lidar direito com a rejeição, quando se é largado, quando se é preterido e trocado por outra pessoa. Talvez seja porque, nessas situações, acabamos por acreditar que não somos dignos do amor de ninguém, o que fere ainda mais a nossa autoestima, estendendo o nosso luto sentimental além da conta. Já não basta a dor da perda, somos levados a também ficar tentando encontrar os nossos erros, o que fizemos ou deixamos de fazer para que o relacionamento ruísse.
Infelizmente, quando somos deixados para trás, num primeiro momento parece que negamos todas as dificuldades e dissabores que contaminavam há tempos o relacionamento e enxergamos somente o que houve de bom no parceiro e naquilo que se viveu junto. E, se quem nos deixou era alguém com tantas qualidades como pensamos, logicamente o erro somente pode ter partido de nós mesmos, ou seja, a culpa fatalmente recairá sobre nossas cabeças.
Da mesma forma, tendemos a supervalorizar os momentos bons que passamos juntos com o ex, como se eles fossem capazes de compensar todas as dores, todo o desgaste, todas as falhas e mentiras que minaram, a pouco e pouco, aquela relação. E, assim, as músicas, os filmes, objetos, lugares, viagens, tudo parece evocar em nós os momentos idos, lembrando-nos que estaremos sozinhos de agora em diante. E nos martirizamos ainda mais, achando que não conseguiremos suportar, que não conseguiremos prosseguir sozinhos.
É comum tentarmos procurar, de início, em nós mesmos os motivos que levaram ao fim de um relacionamento, como se toda a responsabilidade fosse nossa. Frente ao avassalamento sentimental em que somos jogados enquanto o outro vai embora, acabamos nos sentindo vazios de tudo, inclusive de qualidades que possam nos tornar alguém interessante, alguém por quem valha a pena se apaixonar. Com isso, vamos carregando em nossos ombros os focos causadores da separação, enquanto a imagem do parceiro se torna leve e isenta de qualquer responsabilidade sobre nossa dor.
Por mais que seja difícil, deveremos manter nossos pensamentos em ordem, agarrando-nos ao entendimento lúcido das causas do rompimento, bem como visualizando as suas consequências com um olhar mais otimista, para que consigamos respirar sozinhos. É preciso que tenhamos em mente a noção exata de que existem duas pessoas num relacionamento amoroso e ambas são responsáveis pela manutenção do amor, ambas necessitam guiar-se pela verdade e ambas possuem sua parcela de culpa para que não tenha dado certo.
Quando nossas vidas se pautam por vivermos aquilo em que acreditamos, por sermos o que somos e por sentirmos o que temos verdadeiramente dentro de nós, jamais estaremos oferecendo menos do que poderíamos, ou seja, teremos a certeza de que fizemos o nosso melhor e nos doamos com sinceridade e entrega honesta, transparente. E, se tudo isso não foi suficiente para que o outro permanecesse ao nosso lado, não foi por culpa nossa, mas sim porque ele é que não estava preparado para dividir e compartilhar sonhos e verdades. Não temos nada a ver com os medos, com as inseguranças ou com as covardias alheias.
Enfim, se o sofrimento da separação é inevitável, mantenhamos sempre aqui dentro de nós o nosso melhor, tudo aquilo que sustenta nossas verdades, que alimenta os nossos sonhos, pois assim estaremos menos enfraquecidos para enfrentar o mundo e abrir as portas que se encontram à nossa frente, todos os dias, enquanto durar a intensidade da força que move nossa busca incansável pela felicidade.

OBVIOUS






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