Ao Encontro de Mr. Banks
Biblioterapia e Cineterapia num só filme
Ao Encontro de Mr. Banks conta, não uma, não duas mas três histórias. A primeira narra o que esteve por detrás da produção do filme da Disney, Mary Poppins, e que teve a ver com uma promessa de Walt Disney às suas filhas. A segunda e fulcral narrativa deste filme é a verdadeira biografia de P.L. Travers, a autora de Mary Poppins; a terceira e não menos importante é contar visualmente ao espectador a catarse feita pela escritora dos seus próprios conflitos, traumas, dramas de infância, incluindo as suas relações de vinculação especial com o seu pai.
Ao mesmo tempo, assistimos ao desenvolvimento pessoal e ao processo harmónico e equilibrado que vai resultando dessa consciência em P.L. Travers (fantasticamente interpretada por Emma Thompson). Tudo isto se processa através da personagem interpretada por Tom Hanks, Walt Disney, que, cinematograficamente possibilita um desenvolvimento continuum de resolução de conflitos, plasmando assim no écran aquilo a que Paul Ricoeur chamava a pré-estrutura narrativa da própria vida. A heroína vai resolvendo os conflitos inscritos no seu livro, ainda reféns da dor e do luto, aqui resolvidos através da cineterapia, do filme que está a ser produzido e constantemente re-avaliado e re-interpretado.
Assim sendo, neste caso, biblioterapia e cineterapia andam de mãos dadas e Mary Poppins é um caso ilustrativo de biblioterapia enquanto processo terapêutico.
Ao ler e reler a obra de P.L. Travers, Walt Disney vai identificando os seus próprios problemas e avaliando a sua própria vida, resolvendo algumas questões do seu passado manejando esse espelho retrovisor. Enquanto Pamela, através da produção cinematográfica do seu livro, pôde igualmente curar e salvar a sua relação com o pai e com a sua tia Ellie.
Somos contadores de histórias e seja com a palavra, seja com a imagem, o ser humano exprime as suas contradições, desejos, medos…Arte é linguagem!
Aqui, duas Artes cruzam-se na tela deste maravilhoso filme e apoiam-se uma á outra, permitindo ao espectador/leitor ganhar consciência da hetero-ajuda que um livro ou um filme podem oferecer.
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