Egon Schiele
UM ARTISTA VISCERAL
Deixou a vida aos 28 anos e deixou em nossas vidas aproximadamente 3 mil desenhos e mais de 300 pinturas. Um artista visceral, intenso, apaixonado pelas formas femininas, de erotismo quase macabro, sexualidade próxima ao grotesco e criador de autorretratos impressionantes.
Detalhe da obra Abraço - Egon Schiele (1917)
Pelo desejo de sua mãe, o vienense Egon Schiele (1890-1918), teria sido ferroviário, como fora seu pai, mas tornou-se artista: pintor de estilo expressionista, com resquícios do art noveau. Seu talento foi reconhecido por Gustav Klimt – o maior artista vienense, que o incentivou e apoiou.
A vida do artista foi tão intensa quanto sua arte
Vida e arte se confundiam em Egon Schiele. As mulheres com as quais conviveu foram suas musas. Com guache, lápis, aquarela e papel grosso, desenhou cada uma delas: sua irmã Gerti; sua amante de 17 anos, Valerie (Wally); sua esposa, Edith; e, sua cunhada, Adele.
Schiele uniu-se a Wally quando tinha 21 anos e ela 17. Logo saíram de Viena e foram morar na cidadezinha de Krumau. Rejeitados pela sociedade local, devido ao hábito de Schiele pintar adolescentes, mudaram-se para Neulengbach. A casa tornou-se ponto de encontro de crianças delinqüentes. Novamente foram rejeitados socialmente. Schiele chegou a ser preso por 21 dias. De acordo com as autoridades, o artista havia exposto trabalhos pornográficos em local acessível a menores.
Edith Harms entrou na vida do pintor em 1915, neste mesmo ano se casaram. O reconhecimento artístico chegou três anos depois. O pintor foi convidado a participar de uma exposição em Viena, onde expôs 50 obras. O pôster da exibição, feito por Schiele, inspirado na Última Ceia, tinha no lugar do Cristo umautorretrato do artista. O sucesso da exposição foi o sucesso de Egon Schiele.
A morte rondava a vida do artista. Edith, grávida de seis meses, foi vitimada pela gripe espanhola. Schiele a acompanharia três dias depois. Nos poucos dias que antecederam à sua morte, Egon Schiele ainda produziu alguns retratos da esposa. Foram seus últimos trabalhos.
Erotismo e sexualidade nas obras de Egon Schiele
As obras de Schiele são conhecidas por seu erotismo quase macabro, sexualidade quase grotesca, uso de modelos adolescentes, e seus autoretratos intensos e provocantes. Uma de suas telas mais impressionantes é um autoretrato no qual aparece se masturbando.
Mas Schiele não era um pervertido, nem pedófilo. Sua prisão se deveu a um desenho sexualizado de uma mulher nua da cintura para baixo. É preciso que se registre, nada foi encontrado que indicasse qualquer perversão do artista.
Em sua breve carreira, a sexualidade é manifesta, é grotesca, mas, antes de tudo, é artística e – incrível –, é real, têm corpos, ossos, zonas eróticas, linhas, curvas tortuosas... É arte pura! Normalmente magérrimas, têm substância, porque a fome sexual os consome. Schiele é único! É o artista corajoso que enfrenta conceitos e formalizações estéticas em favor de uma realização pessoal, com uma violência poucas vezes vista. Ele soube, como poucos, se equilibrar no fio tênue que separa erotismo de pornografia.
Mas é preciso que se lembre que o século 20 começava naqueles dias. A aurora do que viria sessenta anos depois já se insurgia no horizonte. Havia sexualização no ar, fome do que "não ousava dizer o seu nome". Egon Schiele, como artista genial que era, apenas retratou algo que se escondia nas estampas da sociedade de então.
Abaixo vídeo com algumas das obras de Egon Shiele. Vale à pena conhecer sua obra espetacular. Depois, conte-me como se sentiu.
http://mol-tagge.blogspot.com
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