Cirque du Soleil |
Cirque du Soleil aposta na memória de infância e na beleza do voo
- ‘Corteo’, espetáculo que chega à Marina da Glória na próxima sexta-feira, terá palco de 360 graus e acrobacias aéreas
- CRISTINA TARDÁGUILA (EMAIL)
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RIO - No Cirque du Soleil tudo é possível. Inclusive voar. E isso fica óbvio nas rebuscadas acrobacias aéreas que os cariocas poderão conferir, a partir do dia 27, às 21h, no espetáculo “Corteo”, que aterrissa com sua gigantesca lona branca — de 20 metros de altura e 50 metros de diâmetro — bem em frente à Baía da Guanabara e ao Pão de Açúcar, na Marina da Glória.
Com um palco com 360 graus de visibilidade e 60 artistas em cena, o show, que já foi visto por mais de 7 milhões de pessoas em 12 países, narra os últimos dias de trabalho do palhaço Mauro, um tipo definido por seus criadores como “aquele amigo que qualquer um sempre sonhou ter”. Suas lembranças de infância e seus sonhos para o futuro servem de fermento para as estripulias aéreas que enchem o picadeiro e que podem levar o público às lágrimas.
— Esse é um show muito humano. De verdade. Não estaremos numa terra desconhecida, onde criaturas estranhas sobrevivem. Nossa viagem dessa vez vai ser no tempo, na lembrança, naquilo que de melhor guardamos da nossa infância — explica o canadense Bruce Mather, diretor artístico do show.
— Quando idealizei esse espetáculo, sabia que estávamos diante de um grande desafio — lembra o italiano Daniele Pasca, criador de “Corteo”, por telefone, da Suíça. — Colocaríamos muita coisa no ar, voando, e isso era complicadíssimo. Mas o Cirque du Soleil é o espaço para as experimentações, para esticar as cordas e ampliar os limites.
E essas conquistas ficam evidentes em diversos movimentos do show. Em “Chandeliers”, por exemplo, quatro mulheres (antigos amores do palhaço Mauro) se dependuram em três lustres gigantescos e giram acima da cama do protagonista, traçando um elo entre o terreno e o etéreo. Também sobressai o movimento “Bouncing beds”, em que seis acrobatas saltam sobre duas camas de 300 quilos que se movem sobre plataformas giratórias como se brincassem sobre o colchão de seus avós.
Trapézio e cama elástica
O ápice da técnica aparece, no entanto, no início do segundo ato, dizem Pasca e Mather. No movimento batizado “Paradise”, acrobatas voam entre trapézio e cama elástica e estendem ao máximo o limite da segurança. Segundo o criador de “Corteo”, nesse ponto do show, a distância entre o “portador” (aquele que segura) e o artista que “viaja no ar” é bem maior do que a de costume, o que provoca frio na barriga de quem está na plateia.
O cenário, que conta com camas e bicicletas suspensas, além de candelabros dourados e brilhantes, leva a assinatura do francês Jean Rabasse. Foi dele, por exemplo, a decisão de dar a “Corteo” um palco totalmente circular — o primeiro a ser usado em todos os espetáculos do Cirque, instituição fundada em 1984 em Montreal, no Canadá.
— O espectador vai perceber que essa configuração quebra totalmente a lógica de entrada e saída de palco — ressalta Pasca. — Ela também obriga os artistas a terem uma percepção mais aguçada do movimento que estão apresentando. Afinal de contas, estão sendo observados por todos os lados.
“Corteo”, que vem da palavra em italiano para “cortejo”, tem cerca de duas horas de duração. No Brasil, já passou por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. No Rio, onde fica até 19 de janeiro, as entradas inteiras custam R$ 240.
— Até chegar ao Brasil, nos oito anos dessa turnê, achávamos que o público espanhol era o que reagia com mais vigor. Mas aí pisamos aqui e vimos que os brasileiros ficam com o primeiro lugar — conta Mather. — Quando apreciam o que veem, não economizam no aplauso, e isso é ótimo. Enche nossos artistas de energia.
http://oglobo.globo.com/cultura/cirque-du-soleil-aposta-na-memoria-de-infancia-na-beleza-do-voo-11117780
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