quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Elizabeth Bishop / Maneiras



Elizabeth Bishop
MANEIRAS
Para uma criança de 1918
Meu vovô sempre dizia
quando a gente ia de trem:
"Nunca deixe, minha neta,
de cumprimentar alguém."

Vimos um moço com pressa.
"Bom dia, senhor. Bom dia",
vovô disse, com chicote
em punho. E eu só repetia.

Então vimos um garoto
com um corvo de estimação.
"Nunca negue uma carona;
é falta de educação",

meu vovô disse. Então Willy
foi com a gente, mas a ave
fez "Craw!" e voou. Pra onde
ela foi?! Coisa mais grave!

O corvo voou um pouco
poste a poste, mais à frente.
Willy assovia — ele volta!
"Corvo mais inteligente!",

disse vovô, "Vejam só
como o corvo é bem treinado!
Não se esqueçam desse exemplo:
bicho ou gente, que educado!"

E assim que os carros passaram,
tudo se tornou um caos,
mas vovô disse: "Bom dia!"
com animação das boas.

E depois: "Assim as éguas
vão perder as estribeiras!",
no que seguimos a pé
conforme as boas maneiras.


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