quinta-feira, 20 de julho de 2017

Marilyn Monroe e JFK / O governo dos Estados Unidos passava pela cama

Marilyn Monroe

O governo dos Estados Unidos passava pela cama


POR EULER DE FRANÇA BELÉM 
EM 23/03/2009 ÀS 08:02 PM

Forestier ataca Marilyn Monroe e John Kennedy sem dó nem piedade. Os dois competiam, aparentemente, para ver quem transava com mais pessoas. Até onde li, Marilyn fez sexo com 15 homens, a maioria gente conhecida, como Elia Kazan, Sinatra, Marlon Brando, Yves Montand, mafiosos, maridos (Joe DiMaggio e Arthur Miller, cujos chifres impressionariam o mais talentoso dos bois da raça gir
Leio, entre divertido e cauteloso (com as informações históricas, pois, apesar de uma extensa bibliografia, o autor não exibe as fontes com precisão), o livro “Marilyn e JFK” (Objetiva, 214 páginas, tradução de Jorge Bastos), de François Forestier. Nada tem de acadêmico e, portanto, o estilo é direto e o crítico de cinema escreve bem.
Forestier ataca Marilyn Monroe e John Kennedy sem dó nem piedade. Os dois competiam, aparentemente, para ver quem transava com mais pessoas. Até onde li, Marilyn fez sexo com 15 homens, a maioria gente conhecida, como Elia Kazan (jurava que o sujeito era bicha), Sinatra, Marlon Brando, Yves Montand, mafiosos, maridos (Joe DiMaggio e Arthur Miller, cujos chifres impressionariam o mais talentoso dos bois da raça gir). As feministas protestaram, mas quem se liberou primeiro não foram elas, e sim Marilyn.
Jack Kennedy transou, até onde contei, com 13 mulheres, sem contar as dezenas de prostitutas anônimas. Na lista cabem, além da nazista Inga Arvad, a bela Gene Tierney, Lee Remick, Audrey Hepburn e, claro, Marilyn. Kennedy fazia o gênero quase-coelho, 15 minutos no máximo, entre preliminares e aquilo propriamente dito. Às vezes, era só 20 segundos.
Recolho um trechinho da história do malévolo Forestier: “Marilyn, uma noite, aborda a questão do casamento com JFK, que está passando a mão em sua coxa e constatando que ela está sem calcinha. Jack responde com clareza, com a mão sobre a origem do mundo: — Serei candidato à Presidência. Não posso me divorciar. Marilyn abaixa os olhos. Não está habituada a que lhe digam não. Veremos depois da eleição, é o que ela registra. Enquanto isso, resta uma única coisa a fazer. ‘Let’s make Love’” (façamos amor). Kennedy queria governar mais a cama do que o país. Mas foi forçado pelo pai a entender que, quanto mais poder, mais cama. Jack adorou.
Na parte séria, porém menos divertida, Forestier revela que as relações da família Kennedy, sobretudo do patriarca Joe, com a máfia eram mais profundas do que se costuma imaginar. A promiscuidade era total.

Voyerismo a La Guerra Fria
Agência Estado
Durante seis anos, o maior símbolo sexual dos Estados Unidos e o senador que se tornou presidente tentaram manter em segredo um relacionamento amoroso. O caso não se tornou público por conta de precauções da imprensa, mas um farto material foi coletado pela espionagem da máfia, FBI e da inimiga KGB. Afinal, a América vivia a insanidade da Guerra Fria, o que justificava o voyeurismo do Estado, as chantagens, manipulações, eleições compradas e dinheiro ilícito.
Forestier conta, logo na abertura do livro, que se valeu de um defeito crucial para ir fundo na pesquisa: uma má índole. De fato, o fel transborda em quase todas as páginas, na construção do retrato de um casal doentio. Nascida Norma Jeane, Marilyn era uma manipuladora da piedade. Conhecida por comédias memoráveis como "Quanto Mais Quente Melhor", ela era, na verdade, segundo Forestier, uma atriz egoísta, que não se importava com os colegas. Utilizava o sexo como forma de conquista, habitualmente acordando em lençóis estranhos. Também era viciada em remédios, que criavam um sono artificial e um universo fictício, que a levaram à morte.
Talhado para ser presidente da República pelo pai, Joe Kennedy, ele mesmo um homem racista e afundado em negócios sujos, John era um político que se esquivava de problemas importantes e se concentrava nas mulheres, inúmeras, que frequentavam sua cama, para sexo de, no máximo, 15 minutos. Terminou assassinado, caindo no colo da primeira-dama, Jacqueline, que suportava o adultério em troca da fama. Sobre essa face podre da América dos anos 1960, Forestier deu entrevista por e-mail.
Como um chefe de Estado mantinha relações sexuais com tantas mulheres, e, ao mesmo tempo, comandava uma nação?
FORESTIER - Naqueles dias felizes, todos os jornalistas e escritores estavam cientes do fato de que o presidente exagerava, traindo sua mulher como um louco. Mas eles se sentiam obrigados a não comentar nada. Quando um cidadão enviou fotos de JFK com outra mulher, nenhum jornal publicou. Quando Phil Graham, o chefão do jornal "Washington Post", declarou publicamente que o presidente colecionava affaires e amantes, nenhuma revista divulgou. Havia um consenso: a vida privada do presidente estava além dos limites. Mas, como Kennedy conseguia governar o país, é um mistério. Como vivia doente, ele funcionava adequadamente apenas algumas horas por dia, tirando uma soneca às tardes e divertidas sestas à noite... Alguém disse que JFK gastou metade do seu tempo perseguindo as mulheres, e a outra metade pensando nisso. Acho que ele era muito rápido, com certeza.
No prólogo, você confessa ter a má índole necessária para escrever tal livro. Era preciso tanto assim?
FORESTIER - Sim. Se tentar dizer a alguém que Marilyn não era uma santa, mas uma mulher suja e manipuladora, você é olhado como louco. Se falar algo sobre a imoralidade de JFK, a mesma reação. Assim, para trazer a verdade, é preciso enfrentar preconceitos. E mau humor é um instrumento necessário. Sem isso, o jornalismo é possível. Meus melhores amigos são mal-humorados.
Marilyn Monroe tinha fama de ser uma mulher inteligente.
FORESTIER - Não concordo. Ela era uma mulher astuta, mas para usar as pessoas, provocá-las, deixá-las enfeitiçadas por ela. Marilyn também não era profissional, deixava a equipe de filmagem esperando, não decorava suas falas e era totalmente inacessível. Não tinha respeito pelos colegas de trabalho. Fez também estranhas exigências para a Twentieth Century Fox e, quando se tornou produtora, foi péssima. Sua inteligência era um mito. Além disso, ela era mentalmente insana e, como atriz, logo decaiu. Acredito que, se vivesse mais alguns anos, Marilyn acabaria internada em uma clínica, como sua mãe.
Por seis anos, JFK e Marilyn se relacionaram. Era apenas sexo? A relação era sincera?
FORESTIER - Acredito que, no início, era apenas sexo. Eles se conheceram quando JFK era um senador (casado) e Marilyn, uma starlet. Kennedy era incapaz de amar e Marilyn, incapaz de sustentar uma relação. Ambos eram carentes de amor. Em todo caso, descobriram uma forma de relacionamento. Ela lhe deu sexo, que foi seu melhor presente uma vez que era frígida (ela disse isso a seu analista); ele retribuiu com um sopro de energia e de esperança. Os dois eram desiludidos. De alguma forma, encontraram um raio de luz, algo que, por breves momentos, pareceu ser amor. Talvez eles tenham tido, durante um segundo apenas, uma verdadeira história de amor.
Seu livro traz alguma novidade sobre a morte de Kennedy?
FORESTIER - Não, nenhuma. Mas traz novidade sobre sua vida: era um homem cuja moralidade era inexistente. Ele foi criado por um homem crente que o dinheiro podia comprar tudo e que seus filhos eram de uma casta superior. Um pai simpatizante do nazismo, além de gângster. Ele legou valores desvirtuados aos filhos. E suas filhas não eram nada. Quanto à morte do JFK, penso que houve uma diabólica aliança entre os exilados cubanos e a plebe. No mês anterior, houve dois atentados contra a sua vida, com o mesmo modus operandi: um atirador com experiência cubana e, à sombra, um grande chefão da máfia, provavelmente Carlos Marcello.
A política atual é diferente?
FORESTIER - Sim. Pense no escândalo Clinton-Lewinsky. E Clinton não fez nem uma fração do que JFK estava acostumado. Estranhamente, os americanos se preocupam com a vida privada de seus líderes. Quando pararem com isso (como acontece na França, onde ninguém dá atenção com quem Mitterrand ou Sarkozy dormiram), então, a era dos escândalos sexuais estará sepultada. Quanto às "relações políticas", no sentido político, não, nada mudou. Eles serão sempre políticos - nada confiáveis para cuidar de seu cão por uma noite




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