quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Van Gogh / O artista prisioneiro de sua própria mente






Salão com quadros de Van Gogh em exposição


Vincent Willem Van Gogh

O artista prisioneiro de sua própria mente

17 ABRIL 2024, 

Um gênio! Assim podemos resumir o artista Vincent Van Gogh, pintor pós-impressionista cujo trabalho – notável pela sua beleza, emoção e cor – influenciou fortemente a arte do século XX. Ele lutou contra uma doença mental entre outras doenças e permaneceu pobre e praticamente desconhecido ao longo de sua vida.

A história de Vincent Willem Van Gogh é um grande enigma para a humanidade. Um dos artistas mais influentes do século 19, morreu no dia 29 de julho de 1890, aos 37 anos, dois dias depois de dar um tiro no próprio peito. Para salvar sua vida os médicos fizeram todos os esforços, mas, não tiveram êxito. Embora a história oficial afirme que Van Gogh cometeu suicídio, pesquisas revelam que sua morte pode ter sido causada por um acidente.

Sua trajetória de vida foi marcada pela luta contra diversos distúrbios mentais causando-lhe constante sofrimento. A medicina moderna, na tentativa de compreender e diagnosticar os problemas de saúde listaram possíveis doenças: depressão, sífilis, epilepsia, síndrome de Geschwind, entre outros. O trabalho foi possível através da leitura de cerca de 800 cartas que ele enviava para a sua família e amigos próximos.

“Cristo das Minas de Carvão”. Assim os enfermos e mineiros o chamavam. No inverno de 1878, Van Gogh ofereceu-se voluntariamente para se mudar para uma empobrecida mina de carvão no sul da Bélgica, um lugar para onde os pregadores eram geralmente enviados como punição. Ele pregou e ministrou técnicas de arte aos enfermos, e costumava fazer lindos desenhos dos mineiros e seus familiares, causando grande espanto pela beleza de seus precisos traços.

Sua vida é repleta de curiosidades, fatos marcantes de sua personalidade única. O artista começou a pintar aos 27 anos e não parou de criar. Foram quase 1.000 quadros numa carreira meteórica de dez anos. Pintava como se não existisse o amanhã, de forma frenética e compulsiva.

Outra grande curiosidade é que Van Gogh só vendeu um quadro enquanto vivo, o The Red Vineyard (vinhedo vermelho) foi vendido por 400 francos na Bélgica, sete meses antes da morte do pintor. Um século depois a grande ironia: um de seus quadros fora vendido por US$ 148,6 milhões. Em 1990, seu retrato do Doutor Gachet foi vendido por US$ 82,5 milhões.

Em julho de 2022, mais uma ação do mestre da pintura fora revelado pela Galeria Nacional da Escócia. Eles descobriram um autorretrato de Van Gogh escondido no verso de uma obra anterior chamada “Cabeça de uma Camponesa”. O feito foi possível por meio de um Raio X. Todos ficaram chocados pela descoberta, um Van Gogh “olhando para nós”. O artista parece não querer parar de surpreender o mundo com a sua arte e deixa rastros de sua genialidade em detalhes, como um mapa de resgate de sua própria vida.

Em 1888, Van Gogh resolveu de forma voluntária, internar-se em um manicômio chamado Saint-Remy-de-Provence, na França. O auge de suas crises culminou no corte da própria orelha, evento que o levou a procurar tratamento. A tormenta lhe tomara a alma, que empobrecida preenchia de vazio todo seu interior.

A realidade humana nos revela que não importa o quão frustrados, perturbados ou desanimados possamos ser, no fundo todos somos pessoas especiais, com valores e talentos ocultos. Os tempos difíceis são provedores de desesperança, porém, nossa resiliência quando aflorada pode mudar todo esse cenário.

“Existem três coisas extremamente duras: o aço, o diamante e o autoconhecimento.” Com essa frase, Benjamim Franklin nos mostra o quão tenebroso pode ser o conhecimento da própria alma, uma vez que vivemos num universo repleto de mistérios.

Van Gogh tentou, mas não conseguiu superar seus fantasmas e traumas psicológicos. Viveu longe da tecnologia e dos avanços da ciência. Apesar de tudo foi vitorioso em sua jornada. Enigmático, disse no leito de morte: "La tristesse durera toujours", (A tristeza durará para sempre). Foi o artista prisioneiro de sua própria mente.


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