segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Manoel de Barros / Gorjeios




Manoel de Barros

GORJEIOS

Gorjeio é mais bonito do que canto porque nele se
inclui a sedução.
É quando a pássara está namorada que ela gorjeia.
Ela se enfeita e bota novos meneios na voz.
Seria como perfumar-se a moça para ver o namorado.
É por isso que as árvores ficam loucas se estão gorjeadas.
É por isso que as árvores deliram.
Sob o efeito da sedução da pássara as árvores deliram.
E se orgulham de terem sido escolhidas para o concerto.
As flores dessas árvores depois nascerão mais perfumadas.



Manoel de Barros
Ensaios Fotográficos
Editora Record, 2000.


4 comentários:

  1. Jose João Bosco Pereira Creio que sim! Sabe! Manoel Gênio de Barros é a expressão franciscana: o gênesis Adão Novo da Poética Cristogênica e a dinâmica ecológica sutil, íntima, neossimbólica, com traços de um imperativo ético de profundo respeito ao homem na sua natureza e da natureza com nicho evolutivo de possibilidades e identificações de alteridades plurissignificativas. Nessa perspectiva e muito mais, o seu doutorado e sua obra como pesquisadora constitui exemplar reflexão para o homem com laços com a poeticidade como integrada à condição de ludicidade e adamicidade (o homem Adão feito pó da terra e marcadamente e umbilicalmente conectado com a natureza na sua condição de bem-estar e saúde psiconeural, afetivo, intelectual, espiritual e social. Amo Manoel Gênio de Barros)e sua filha que ilustrou sua obra. No céu, ao lado de Clara e Francisco de Assis modela a energia da alma e a nova criação à luz da poética maior e plural da criatividade, imaginação criadora, - do advogado que deixou tudo para ficar no Plantanal.Para ser homem do campo, da poesia, da natureza... Agora as Moradas Eternas o inspiram lindos e incríveis poemas e as poesia de alma poética dos muitos eus líricos que forjou em sua poética na Terra e entre nós. Creio, Maria Ângela, sua arguta performance de pesquisadora, alçou voos de sublime sinapse e conexão com a verbe como a autorizada e legítima intérprete da hermenêutica debruçando-se na exegese inigualável escritura de Manoel Gênio de Barros. O brilho da sua obra se realça na capacidade de quem o ama e o coloca na vitrine da academia como Maria Ângela A. Resende competentemente consagrou uma das melhor Gestal e plataformas de receptáculo da obra de Manoel Gênio de Barros para a literatura brasileira por todo o sempre. Louvor com excelência! Viva - só por isso, a doutora Maria Ângela merece ser realmente valorizada e ter nossa consideração e respeitabilidade. E outros tantos trabalhos formam um ramalhete de flores e serviços significativos à sua carreira e seu currículo Lattes.

    ResponderExcluir
  2. Jose João Bosco Pereira É demais o nosso gênio M. Barros. É o São Francisco da nossa paisagem tropical e na busca cósmica e mineral e síntese dos reinos no coração do poeta em eus líricos inesquecivelmente discretos e elogquentemente sinceros de uma natureza interior e memorial de nossos ancestrais adormecidos em nós e na Gaia - cujo Planeta viceja de fauna e flora e singeleza exuberante e surpreendentemente mestra e irmã a nos aconchegar na morte e assinalar uma ressurreição como parto de recriação eterna ao Cristo total. Amo Manuel de Barros. Amo Francisco e Clara de Assis: amo as cores e amores e etnias do meu Brasil tão variado nas cenas e paisagens e corajoso de um presente e porvir - refazendo o passado de dor e suor, de lembranças mil e memórias de brasileiranos e brilienses e brasileiros - híbridos pelos destinos e ansiosos e festeiros pelo futuro de uma carnavalização não europeia e agudamente cabocla - utopia de terras sem males e o Eden, o paradiso, um terra de todos e de ninguém... Um plebiscito de atitudes e ações a melhorar as relações humanas e não esperar tanto dos governos que se afastam de suas bases e se corrompem como moscas azuis e verdes sobre a carniça. O povo é forte quando tem acesso aos bens, à terra, à paz... à esperança e materializa suas utopias. As academias nos ensinaram a descrer nas utopias como artérias venosas e no entanto, respiramos com o coração. enquanto a mente e o racionalismo nos indicam o pessimismo e o beco sem saída. É preciso encontrar o bom caminho e dizer que a religiosidade cresceu - os consultórios e terapias multiplicaram-se: pagamos homens e e mulheres da palavra para que nos oiçam e nos salvem do pesadelo e da saga da civilização - mal-estar freudiano e aspriamos os paradigmas e mandalas e arquétipos jungianos das constelações e das cavernas com suas pinturas rupestres e os cantos gregorianos das catedrais das nossas mentes. Não aguentamos mais corrupção e a mídia que nos vigia mais que tudo e cotidianamente nos impõe seus preceitos e notícias de morte e desesperança.

    ResponderExcluir

  3. Renan Figueiredo
    10 de julho de 2013 ·
    Bernardo é quase árvore.
    Silêncio dele é tão alto que os passarinhos ouvem de longe.
    E vêm pousar em seu ombro.
    Seu olhar renova as tardes.
    Guarda num velho baú seus instrumentos de trabalho:
    1 abridor de amanhecer
    1 prego que farfalha
    1 encolhedor de rios - e
    1 esticador de horizontes.
    (Bernardo consegue esticar o horizonte usando três
    fios de teias de aranha. A coisa fica bem
    esticada.)
    Bernardo desregula a natureza:
    Seu olho aumenta o poente.
    (Pode um homem enriquecer a natureza com a sua
    incompletude?)
    (Manoel Gênio de Barros)

    ResponderExcluir
  4. "Didática de uma Invenção-

    "Retiro semelhanças de árvores comigo.
    Não tenho habilidade pra clarezas.
    Preciso de obter sabedoria vegetal." Manoel de Barros.

    In: MANOEL DE BARROS: COSMOLOGIA POÉTICA - de Joana Alves Fhiladelfio*, Wanêssa Cruz**

    Resumo
    Este artigo consiste em uma reflexão sobre a poética de Manoel de Barros, a partir da observação de seus
    procedimentos estilísticos e temáticos. Desses procedimentos, focalizaremos, em um primeiro momento, a inovação
    vocabular, a aproximação com o surrealismo e o uso da metalinguagem. Em um segundo momento, focalizaremos
    duas temáticas fundamentais de sua obra: o mito da origem, em que Manoel de Barros apropria-se da sabedoria da
    infância, sugerindo que apenas a inocência e a ignorância podem desvendar e desautomatizar a linguagem e os
    sentidos cristalizados. Destacamos também a integração e a interação homem/natureza, que são marcas
    reveladoras de sua concepção de poesia e do seu trabalho artístico.
    Palavras-chave: Poética, Mito, Infância, Natureza.

    ____

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    "A poética de Manoel de Barros é dotada de discurso que explora todas as potencialidades da linguagem, em
    que o vocabulário usual ganha significações insólitas, buscando uma linguagem que recupere a relação
    original do homem com a natureza.
    Privilegia-se a temática da origem, que absorve a infância como fonte da espontaneidade e da inocência e
    ignorância, elementos caros à poética manoelina, pois proporcionam uma reorganização da língua em uma
    estética que simula o nível da criança enquanto está aprendendo. Sua percepção inventiva procura saciar a
    curiosidade e impulsiona uma “... linguagem desprendida da lógica para concentrar e elaborar as imagens da
    inocência, numa vertente que tece o autobiográfico, exposto na mitologia da infância, numa linguagem
    lúdica” (Camargo, 1996, p. 31).
    Trata-se, segundo Marques Filho (2007), de uma poética marcada pela tematização do universo cotidiano de
    vários outros símbolos presentes na natureza, tais como a árvore, a pedra, o lagarto e a rã, dentre outros,
    que constituem um dos eixos fundamentais dessa poética, cujas imagens instigam nossa reflexão e suscitam
    devaneio. "


    http://intranet.ufsj.edu.br/rep_sysweb/File/vertentes/Vertentes_32/joana_e_wanessa.pdf

    http://intranet.ufsj.edu.br/rep_sysweb/File/vertentes/Vertentes_32/joana_e_wanessa.pdf

    ResponderExcluir